“Cego Júlio: Seu Antônio, tá vendo aí bem adiante dos seus olhos?
Antônio das Mortes: É o sertão grande de Canudos.
Cego Júlio: A pois, nesse grande eu enxergo a terra vermelha do sangue de Conselheiro. Morreu quatro expedições do governo”.
Há 117 anos, morria Antônio Conselheiro. Ao se olhar para o grandioso sertão de Canudos, dá vontade, de fato, de se perguntar – assim como Glauber Rocha em ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’: ‘como ele resistiu tanto’?
Conselheiro é um dos poucos nomes brasileiro capazes de ativar no imaginário popular brasileiro o símbolo da resistência. Morto em 22 de setembro de 1897, Antônio Conselheiro lutou pelo que considerava um modelo de sociedade igualitária, socialista, com uma população de negros (recém-libertos) e índios. Resistiu até a quarta expedição do Exército Brasileiro, composta por mais de 7 mil soldados.
E hoje? O quê Antônio Conselheiro representa daquele Brasil república que nascia? Com que olhos os sertanejos olham hoje suas lembranças, mentiras e verdades? O documentário ‘Sertão como se fala’ também deseja entender o quê ainda existe do imaginário sertanejo pelo sertão atual: o quanto essas histórias mudam as pessoas e o quanto as pessoas mudam essas histórias?

Cadernos de Literatura Brasileira: Euclides da Cunha.
Para o filme, é emblemático começar uma campanha de financiamento coletivo no Catarse em uma data tão simbólica como a de hoje: 22 de setembro, 117 anos de morte de Antônio Conselheiro. Queremos entender as peculiaridades do abecedário do sertão, mas, para isso, é preciso compreender a história do sertanejo, suas heranças culturais e identitárias que transformaram ao longo dos tempos suas formas de sociabilidade: o quê é o Sertão hoje? Como ele se transformou a partir das suas memórias?
Que os Antônios Conselheiros da resistência sejam firmes também à força do tempo e que as histórias do Brasil possam ser lidas com outros olhares! Acesse a página da campanha no Catarse, conheça detalhes do projeto e colabore! Pegue carona no abc do sertão e nos ajude a descobrir novas formas de soletrar o mundo!