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Dos 34 dias de sertão

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Do pouco que li, ouvi e vi sobre cinema, aprendi que é possível percorrer incontáveis caminhos e percebi que existem infinitas formas de se fazer um documentário. Dizem até que cada filme é um modelo de produção diferente, piorado ou melhorado, em relação a um outro qualquer. Cada processo no seu quadrado. Mas de nenhum desses teóricos, cineastas, produtores, atores, amantes, cinéfilos, amigos, desse povo todo que me forma enquanto alguém interessado em cinema, de nenhum deles, ouvi dizer que existe uma forma de fazer um filme a partir do amor de uma equipe. Ninguém! A experiência que acabei de viver, de 34 dias no sertão, me conta, ao pé do ouvido, que esse filme que começa a ser montado agora, é um resultado de muitas coisas, mas é, sobretudo, o resultado de um trabalho de pessoas que se afetaram, se amaram, e se costuraram ao longo dos mapas, estradas, hotéis, praças, ruas, vielas, caminhadas, cafés e cigarros.  Seus bastidores é sobre uma produção de pessoas que se respeitaram, que se ouviram, que se contestaram, que se duvidaram, que se acreditaram. Seu resultado dificilmente mostrará isso porque não é um filme sobre a produção de um filme, mas a gente sabe que ele só foi possível porque existiu afetos e sorrisos coletivos. A gente sabe que ele só foi possível porque nossos olhares se entrecruzam, nossos apertos emitiram sinais, nossas conversas renovaram os espíritos, nossos choros ganharam abraços sinceros. Nesses 34 dias fui bem mais feliz do que esperava. Fui bem mais feliz do que a felicidade de alguém que realiza um sonho e constrói um filme. Fui bem mais feliz porque tive uma imensa equipe do meu lado. Dos 34 dias de sertão, aprendi que sou alguém sortudo no mundo.