Por Leandro Lopes
Foto: Sarah Dutra
Há 30 dias fazíamos nosso último take. Olhávamos para o São Francisco, cada um via um filme a ser finalizado. De lá para cá, encerramos nossa bonita campanha no catarse, cuidamos de burocracias e pendências (dessas que nunca aparecem em filmes), fizemos reuniões sobre o futuro, reorganizamos a casa, no caso o Coletivo Adiante, e deixamos todo o material, seus quase dois terabytes, em descanso. É bom manter uma certa distância, dizem. Esses dias, fiquei olhando para a ilha de edição e tentando imaginar em que tudo isso resultará, se os planos do primeiro corte darão certo, se os sonhos das madrugadas ansiosas se tornarão reais, se o filme será capaz de traduzir tudo aquilo que nossos entrevistados (objetos, encontros) nos espetaram e atravessaram durante aqueles dias calorosos. Tenho achado que a maturação já anda a ganhar mofos e, se não se trata de ansiedade em demasia, já passou da hora de começar a fuçar tudo e descobrir se os planos andarão por caminhos conhecidos e já sonhados ou teremos que percorrer outros trajetos de roteiro para finalizar nossas imaginações de sertão. Esses dias passo a ouvir tudo que anda silencioso nos arquivos dessa ilha de edição. Vou dar vozes aos nossos medos de acertos e erros. Vou começar pelo último take.