dia e sol

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por Camila Bahia |

A natureza é indiferente – escrevi no meu caderno de capa preta, durante uma aula de laboratório de videodocumentário. Foi depois de assistir “Noite e neblina”, em que flores amarelas e vegetação verde se alastravam por campos de concentração na Polônia – anos depois de tudo aquilo ter sido cortado em cinza-sangue.

Escrevo agora a mesma coisa em meu caderninho marrom de flores, que caminha comigo pelo sertão. A natureza é indiferente também em Canudos. A água afoga o que já havia sido destruído pelas mãos e pólvoras humanas. O verde cresce em volta com amostras de lilás e amarelo aqui e lá.

Plantas-arame, pedras-água, gente-terra. Gente-guerra. Os pássaros que flanam não sabem dos tiros e gritos e urros de vida e morte ali já ecoados. Nada sabe o que foi.

[Enquanto pensava isso no calor que vem do chão e dos ares de Canudos, passou por mim o mesmo uivo do Monte Santo. Como um sussurro ao ouvido. O sertão está cada vez mais em mim.]

2 ideias sobre “dia e sol

  1. Bernardete Dutra

    Me emocionei, Antônio Conselheiro passou como um filme, a natureza resiste, persiste, é surpreendente… é indiferente… segue o que tem que ser!

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  2. veronica roth

    gostando muito das fotos,paisagem áridas cheias de emoção.Mande fotos ,pois sou pintora e mt gostaria de ver fotos em minhas telas.abraço.Vroth

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