Ontem a equipe do documentário ‘Sertão como se fala’ viu o sertão que o músico Makely Ka encontrou. Percebeu as vozes sertanejas a partir das suas lembranças e entendeu de quantos sonhos são feitos uma viagem. O músico esteve reunido com a equipe para relatar sua experiência de percorrer de bicicleta os caminhos da personagem Riobaldo Tatarana no ‘Grande Sertão: Veredas’, desde seu encontro com Diadorim às margens do córrego do Batistério até a batalha fatal com o Hermógenes no Paredão de Minas. Depois, enfrentou o sertão do Piauí.
“Eu passava, às vezes, dois dias sem encontrar ninguém na estrada. Tentava ouvir a sonoridade da caatinga”, disse Makely. Das suas experiências, nasceu o disco “Cavalo Motor”.
Nordestino nascido no Piauí, ele reencontrou suas memórias e, de certo modo, o seu povo. É possível que tenha reencontrado também a criança que foi por lá. Falou de paçoca, bode, coragens, rapadura, mandacaru, gado, acolhimentos, som automotivo, vaquejada, carcarás, música e medos. Makely lembrou que a gente vive em risco o tempo todo, como Guimarães, que dizia que viver é muito perigoso. Ainda assim, “lá, me sentia mais vivo do que nunca”.
Sugeriu que a gente levasse complexo B, entusiasmo, repelentes, mosquiteiros, 6 camisetas, sorrisos, macarrão de arroz, corda, conversor de tensão para bateria de carro, imaginações, gps, sonhos e temor em onças. A gente vai carregar o olhar dele nas mochilas também.